
Chegou a virada do ano e é quase inevitável a gente parar e pensar no que passou no último ano. É o momento de muitos comemorarem os passos que deram em direção à vitória. Mas, o que predominaram, as vitórias ou as dificuldades? Para muitos, este auto-exame se torna dolorido, especialmente para os que não se consideram bem-sucedidos.
Nada de chorar! Este pode ser um ótimo momento para rever os caminhos, não para se sentir culpado, mas para corrigir roteiros. Se as decisões anteriores não funcionaram bem, mesmo que tenha havido esforço, talvez valha a pena revê-las. Muito trabalho pode não ser o suficiente. Ele precisa ser bem dirigido para escrever uma história de sucesso. Há sempre algo que cada um pode fazer para tornar a realidade mais agradável e satisfatória.
Acontece que vimos de uma cultura que privilegia a passividade e a espera por soluções mágicas. Então, nesta época do ano, videntes, cartomantes, astrólogos, tarólogos e outros oráculos certamente são ainda mais procurados para as previsões e as dicas de como chegar ao sucesso no trabalho, no amor, no dinheiro, etc. Isto não é um problema em si, mas estes profissionais, que muitas vezes são bastante sérios, não oferecem a realização dos sonhos, eles podem indicar caminhos e tendências e levar a reflexões significativas. O esforço e o trabalho a ser feito continuam por conta do consulente. Em outras palavras, as soluções mágicas não existem; realizações não cáem do céu e enquanto se espera por isto, aumenta a probabilidade de ver anos e anos se passarem e a tão desejada satisfação não ocorrer. Isto sim é um problema.
Sonhar é fantástico e é o que nos mobiliza a cada dia, para nos levantarmos e seguir adiante, rumo ao nosso paraíso individual, aqui mesmo e em vida. Mas o sonho sem ação gera infelicidade. Por isto, muitos têm receio enorme de sonhar e não percebem que a causa da infelicidade não está em permitir-se sonhar e sim na falta de coerência entre eles e o próprio comportamento no dia a dia.
De qualquer modo, não se pode matar os sonhos genuínos. Eles nos perseguem durante a vida toda, pedindo reflexões, mudanças, decisões, ações novas… O que muitos fazem é escondê-los no fundo de um baú a sete chaves e depois o cobrem com inúmeras tralhas. Assim, têm a impressão de que conseguiram eliminá-los. Mas eles estão ali e, em algum momento, se impõem ou, como diz a música… voltam a incomodar.
A esperança não é vã e sim um sentimento maravilhoso quando nos dedicamos de corpo e alma para alcançar as metas que nos determinamos. Mesmo que os resultados não tenham sido os desejados, o fim do ano não é o momento do autojulgamento ou da consciência pesada e sim da mudança. Para isto é preciso coragem, que é simplesmente a disposição de superar medos e dificuldades. E ela pede decisões novas. Quais serão as suas para o próximo ano?
Obs. Se você desejar copiar este artigo para posterior inclusão em qualquer mídia, pede-se que o mantenha na íntegra e adicione os créditos ao final, ou seja, Dra. Elizabeth Zamerul, médica psiquiatra (CRM-SP: 53.851), psicoterapeuta, especialista em Dependência Química e expert em Dependência Emocional.